Por Marília DuarteNo fim da primeira temporada de O Mundo Sombrio de Sabrina, vimos a jovem bruxa tomar a difícil decisão de assinar O Livro da Besta, a fim de salvar a cidade de Greendale e seus entes queridos. No episódio especial de Natal (A Midwinter’s Tale) ela tentou o seu melhor para combinar sua nova vida de bruxaria com a antiga que tinha ao lado de seus amigos mortais, mas logo depois, ela percebeu que tudo era demais para eles lidarem. Parecendo ter abraçado totalmente seu lado sombrio, Sabrina (Kiernan Shipka) diz a suas tias que ela está deixando a Baxter High School para frequentar a Academia de Artes Ocultas como uma estudante em tempo integral. A história a segue enquanto ela navega sua nova vida na Academia, participando de atividades e tradições escolares. Mas no verdadeiro estilo Sabrina, ela desafia constantemente as regras e os velhos modos da Igreja da Noite - para grande aborrecimento do Sumo Sacerdote Faustus Blackwood (Richard Coyle), que mal consegue tolerar sua presença. Na primeira temporada, Sabrina está constantemente sofrendo contra o preconceito que ela enfrenta como uma meia-bruxa. O sexismo também desempenha um papel em sua vida e na vida de seus amigos, especialmente na Baxter High. Ambas as questões surgem na segunda temporada, embora eu diria que seus níveis de importância para Sabrina foram trocados. Embora ela tenha ido longe para provar a seus colegas que ela é mais poderosa do que alguém esperava que fosse uma meio-mortal, ela ainda é constantemente subestimada com base em seu gênero. Esta temporada nos dá uma imagem clara e enfurecedora de como as mulheres são vistas na Igreja da Noite. Sabrina tem muitas batalhas menores e mais pessoais para lutar, mas quando o patriarcado daquele mundo mostra a ela que uma bruxa nunca poderia ser uma Suma Sacerdotisa dentro do Coven, parece despertar um fogo feminista profundo que abastece toda a temporada. Ela não está apenas enfrentando sexistas individuais como na primeira temporada; ela está enfrentando todo o maldito sistema. Sabrina vs. o Antigo Patriarcado Demoníaco é, de longe, o enredo mais interessante da segunda temporada. Outro grande desafio de Sabrina (e o destaque da segunda metade da temporada) vem do próprio Lorde das Trevas (Luke Cook). Após ter assinado o Livro da Besta, ela agora é obrigada a atender seus pedidos sem questionar. Ela cautelosamente aguarda seu primeiro teste de lealdade (que pode ser “amanhã ou daqui a dez anos”) sabendo que ele poderia pedir a ela para fazer qualquer coisa, desde roubar um chiclete até incendiar a Baxter High. O desenvolvimento sobre a identidade de gênero também é um ótimo destaque nessa temporada. No primeiro episódio, o personagem que conhecíamos como Susie anuncia para seus amigos que ele gostaria de ser chamado de Theo de agora em diante, e que ele quer ser visto como um garoto. Desde o fim da primeira temporada, esperávamos esse acontecimento e há um sentimento doce e satisfatório ao ver a história desse personagem sendo desenvolvido de forma maravilhosa e contando com a atuação impecável de Lachlan Watson, que na vida real se vê como uma pessoa não-binária. É muito legal ver que muitas séries estão se preocupando em mostrar todos os tipos de representatividade em suas tramas, especialmente as séries com público jovem. Além do desenvolvimento de Theo, também acompanhamos o de Roz (Jaz Sinclair) e sua luta contra uma condição genética envolvendo cegueira e é claro seu relacionamento com Harvey (Ross Lynch) e seus conflitos pelo fato do mesmo ser ex-namorado de sua melhor amiga. Mas Sabrina está em outra, mais precisamente com o charmoso Nick (Gavin Leatherwood) da Academia de Arte Ocultas, que também possui um subplot interessante ao longo dos episódios, levando ao grande desfecho da temporada. A relação dele com Sabrina é mais divertida de assistir do que eu esperava que fosse e trouxe bons momentos dramáticos como aquele envolvendo a lobisomem. Outras relações também acabam sendo desenvolvidas e destruídas, como a da Sra. Wardwell (Michelle Gomez), que passa a se questionar sobre as reais intenções do Lorde das Trevas. O casamento entre Tia Zelda (Miranda Otto) e Blackwood é um dos pontos chaves para finalmente fazê-la enxergar os perigos que sua sobrinha corre dentro do Coven. Enquanto isso, Ambrose (Chance Perdomo) e Prudence (Tati Gabrielle) passam a criar uma conexão que não seja apenas carnal (e muito legal também ver personagens pansexuais na série) e Tia Hilda (Lucy Davis) e Dr. Cee (Alessandro Juliani) ultrapassam as barreiras para seu relacionamento dar certo. Assim como na primeira temporada, nesta a série soube conduzir bem os elementos de terror dentro da narrativa. Mas também há um episódio “filler” como aconteceu na primeira (nesta foi o da Sr. Wardwell se passando por uma leitora de tarô, na anterior foi o episódio da Batibat), que não são tão relevantes para o resto da trama. A série ainda mantém o tom e a estética vintage juntamente com a trilha sonora cool e retrô, além dos efeitos visuais satisfatórios, que não são grandiosos, mas não geram nenhum incômodo. Enquanto alguns podem achar o foco na magia sombria e nos rituais um pouco perturbador, vale a pena notar que o tema principal é que a virtude e a bondade triunfam sobre o mal. O desfecho deixou aquele gostinho de querer acompanhar mais e mais a jornada de Sabrina, agora que ela venceu uma grande batalha contra os misóginos daquela sociedade. Trailer legendado: FICHA TÉCNICA: Gênero: Drama, Fantasia, Terror Título Original: Chilling Adventures of Sabrina Número de episódios: 9 Criador: Roberto Aguirre-Sacasa Direção: Rob Seidenglanz, Alex Garcia Lopez, Alex Pillai, Salli Richardson-Whitfield, Michael Goi, Antonio Negret, Kevin Rodney Sullivan Roteiro: Roberto Aguirre-Sacasa, Donna Thorland, Matthew Barry, Oanh Ly, Lindsay Calhoon Bring, Axelle Carolyn, Joshua Conkel, Christianne Hedtke, Mj Kaufman, Ross Maxwell Elenco: Kiernan Shipka, Ross Lynch, Miranda Otto, Lucy Davis, Chance Perdomo, Michelle Gomez, Jaz Sinclair, Lachlan Watson, Richard Coyle, Tati Gabrielle, Adeline Rudolph, Abigail F, Cowen, Gavin Leatherwood, Darren Mann, Bronson Pinchot, Justin Dobies, Luke Cook, Christopher Rosamond, Anastasia Bandey, L. Scott Caldwell, Megan Leitch, Alessandro Juliani, Alvina August, Georgie Daburas, Annette Reilly, Ty Wood, Peter Bundic Produção: Matthew Bary, Craig Forrest, Ryan Lindenberg Fotografia: Craig Powell Trilha sonora: Adam Taylor Edição: Rita K. Sanders, Erin Wolf Figurino: Angus Strathie Design de produção: Lisa Soper Direção de arte: Aer Agrey, Stevo Bedford País: EUA Ano: 2019
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