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Mulheres na Direção | A Filha Perdida (The Lost Daughter, 2021)

2/23/2022

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Por Marília Duarte

A Filha Perdida (The Lost Daughter) é uma estreia impressionante da atriz Maggie Gyllenhaal na direção. Seu trabalho no roteiro e direção adaptando o livro da escritora Elena Ferrante, aos poucos vai desnudando as camadas de sua narrativa e as complexidades de suas personagens. A câmera está muitas vezes a centímetros de seus rostos e ainda assim eles são personagens imprevisíveis. O filme é um drama psicológico fascinante que nunca se contenta com atalhos ou respostas fáceis.
Olivia Colman interpreta Leda, uma professora de literatura comparada que, durante as férias em uma cidade litorânea da Grécia, se depara com uma família intensa e barulhenta e a partir daí várias lembranças de sua juventude retornam à tona. A colisão de mundos entre o acadêmico e a família rude leva a emoções incontroláveis. No entanto, um vínculo se desenvolve entre Leda e Nina (Dakota Johnson), que tem uma filha pequena e um marido possessivo (Oliver Jackson-Cohen).


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Mulheres na Direção | Ataque dos Cães (The Power of the Dog, 2021)

2/16/2022

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Por Marília Duarte

Ataque dos Cães (The Power of the Dog) é o tipo de filme que é melhor experimentado quando você tem muito pouca informação sobre a história. Ele vai crescendo à medida que a narrativa se avança e seu clímax é arrebatador de tão bom.
No centro da história está o fazendeiro Phil Burbank (Benedict Cumberbatch) que vive em Montana com seu irmão George (Jesse Plemons). Imediatamente é evidente que esses dois têm personalidades muito diferentes. Phil é dominante, grosseiro e brutal, enquanto George é uma alma gentil e sensível. Os dois são próximos, chegam a dormir na mesma cama na casa do rancho, mas o vínculo é desfeito após um encontro com uma viúva, Rose (Kirsten Dunst), dona de um restaurante que os fazendeiros visitam um dia, e o filho dela Peter (Kodi Smit-McPhee).
Há uma tensão imediata entre Phil e Peter, que muitas vezes ajuda sua mãe no restaurante, começando com Phil insultando as flores de papel de Peter que o levam às lágrimas. Como o destino quis, George se apaixona por Rose e os dois se casam. Enquanto Peter está estudando em outra cidade e George está em viagens de negócios, é Rose quem tem que suportar o peso das provocações e brutalidade de Phil.

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Mulheres na Direção | Atlantique (2019)

2/14/2020

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Por Marília Duarte

O cinema tem sido, por muito tempo, um meio de refletir sobre a mortalidade da vida humana. E é no cinema independente que se encontram histórias diversas que utilizam abordagens menos convencionais para tratarem desse tema. Atlantique, o trabalho de estreia da diretora Mati Diop, traz uma narrativa singular sobre amor, perda e injustiças que se desenvolve como um romance e uma história de fantasma. Seu espírito romântico nunca desaparece e sua forma poética de contar uma história percorre durante seus 106 minutos de tela.

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Mulheres na Direção | Fora de Série (Booksmart, 2019)

11/29/2019

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Por Marília Duarte


A passagem do ensino médio para a faculdade é uma narrativa comum em Hollywood, mas nenhum filme analisou esse tema típico do gênero coming of age movies como Fora de Série (Booksmart) fez.

Na véspera da formatura da escola, Amy (Kaitlyn Dever) e Molly (Beanie Feldstein) estão se sentindo muito felizes e orgulhosas. Por anos evitaram festas em troca de madrugadas na biblioteca e isso garantiram a cada uma delas um lugar na universidade de sua escolha. O futuro parece brilhante para elas após a realização desse sonho. Até Molly descobrir que mesmo a galera mais descolada que não perdia nenhuma festa e aqueles que passaram a adolescência aparentemente se divertindo também entraram nas melhores universidades. Ao constatar isso tudo, Molly e Amy percebem que sacrificaram suas vidas sociais por nada. A partir daí, as duas se lançam em aventuras bem doidas durante uma noite para compensar tudo o que perderam.

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Mulheres na Direção | Rafiki (2018)

11/7/2019

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Por Marília Duarte

Rafiki é o segundo longa-metragem da cineasta queniana Wanuri Kahiu e conta a história de duas jovens que se apaixonam em um país onde o amor homoafetivo, dentro e fora da tela, é ilegal. Cheio de cores e de um otimismo apaixonado, Rafiki se destaca entre muitas outras histórias sobre as lutas dos relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo como uma história extraordinariamente sincera de esperança e amor.

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Mulheres na Direção | Alias Grace (2017)

1/27/2019

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Por Marília Duarte

2017 foi um ano recheado de novas produções televisivas e muitas delas se destacaram por sua qualidade narrativa, estilo e principalmente pelos temas abordados. Outro aspecto que destaco foi a presença de mulheres incríveis envolvidas nessas produções, seja protagonizando estas histórias ou por trás das câmeras, comandando episódios magníficos.  

​A minissérie Alias Grace entra para o grupo de histórias marcantes lançadas ano passado (em novembro, mais precisamente) e é baseada em uma história real e no romance escrito por Margaret Atwood - que também escreveu O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale). Lançada pela Netflix, ela é um tipo de história fantasticamente diferente sobre o poder feminino e traz em sua direção a maravilhosa Mary Harron (diretora de Psicopata Americano) e no roteiro da incrível Sarah Polley (Histórias que Contamos). Enquanto The Handmaid's Tale faz um estudo social moldado na desesperança e dor de existir dentro de um sistema desumanizante, Alias Grace realiza algo muito mais sutil em mostrar uma história também feminista e cheia de camadas sobre como as mulheres são tratadas pelo sistema.

No decorrer de seus 6 episódios, acompanhamos a vida de Grace Marks (interpretada por Sarah Gadon), uma ex-empregada que foi condenada à prisão pelo assassinato de seu patrão, Thomas Kinnear (Paul Gross) e da governanta Nancy Montgomery (Anna Paquin), no Canadá do século XIX. À medida que ela sofre os abusos dos sistemas de prisão e asilo, um pequeno núcleo de espectadores da classe alta defende sua inocência - aparentemente fora do altruísmo do progressismo social. Para esse fim, o psiquiatra Dr. Simon Jordan (Edward Holcroft) é chamado para avaliar o estado mental de Grace e verificar a verdade de sua culpa ou inocência.


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Grace é totalmente oprimida: encarcerada, abusada e silenciada, ela flutua como uma curiosidade e como uma "assassina célebre" para o povo da cidade. No entanto, a minissérie desenvolve o poder de Grace engenhosamente mostrando toda sua força para sobreviver àquele lugar e àquelas pessoas. Grace segura todas as rédeas em suas mãos, especificamente por causa da posição aparentemente impotente em que seus "superiores" a colocaram. Assim como June em The Handmaid’s Tale, Grace sabe que precisa usar da manipulação para sobreviver numa sociedade opressora.

A primeira característica marcante em que a série se constrói é através do sua narrativa: grande parte da história é contada em vários voiceovers, principalmente com Grace, enquanto ela oferece ao Dr. Jordan exatamente o que ele veio descobrir: a versão dela da história. Mas esse é precisamente o cerne da narração da série. Grace é responsável pela narrativa, e ela é uma contadora de histórias magistral. Os padrões particulares de seu discurso - cuidadoso, sério e tão finamente trabalhado como as costuras nas colchas que ela costuma fazer continuamente - vem caracterizar seu controle sobre a narrativa. Enquanto o Dr. Jordan e seus outros benfeitores se apegam a ela por respostas, ela entende que controla aquela história e o que eles aprendem e acreditam.

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O segundo elemento que dá a Grace seu poder - e é aí que série atinge sua nota mais forte - é o fascínio mórbido com o sofrimento das mulheres. Observamos o Dr. Jordan devorar cada pedaço da história de Grace - isto é, cada perda subseqüente, abuso e devastação. Mas simultaneamente, o público se apega aos mesmos detalhes horríveis. Grace torna seu sofrimento algo que fascina seus ouvintes (nós e o Dr. Jordan). Ela o usa como moeda e ao mesmo tempo como acusação para a multidão de aristocratas que, por um lado, estão fascinados com sua célebre assassina e, por outro lado, com todo o espiritismo e a comunicação com os mortos.

Nada disso seria uma excelente narrativa sem a impressionante precisão das performances de seu elenco, principalmente Sarah Gadon como Grace e Rebecca Liddiard, como a melhor amiga dela, Mary Whitney. As duas atrizes mostraram performances fortes e cativantes que se entrelaçam com as voltas da história e nos dão a compreensão multivalente da narrativa que faz a série brilhar. A direção de Mary Harron é excepcional, com enquadramentos inteligentes e escolhas que enaltecem as expressões de sua protagonista, mostrando como Sarah Gadon é incrível, numa atuação que carrega muitas nuances e profundidade. Além disso, há a bela fotografia da série assinada por Brendan Steacy e o design de produção feito por Arvinder Grewal, onde juntos são peças fundamentais para a construção da época retratada.

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Claro, como em The Handmaid's Tale, é quase impossível assistir a Alias Grace fora do contexto dos eventos atuais em Hollywood. Com a campanha #MeToo nas mídias sociais e as acusações derrubando homens poderosos de seus pedestais bem como a onda de conservadorismo que  vê a mulher como subalterna e apenas reprodutora, obras como estas, são essenciais dentro da cultura pop, tocando em temas universais e relevantes. Alias Grace é uma história sobre uma mulher esmagada no fundo da pilha social pelo fato de ser mulher, cujos abusos são muitas vezes os abusos cometidos em mulheres que não têm voz para denunciar esses ataques. Mas a Grace mais velha e maltratada com esses abusos que a roubaram de sua liberdade usa sua voz - a força narrativa - para manipular suas desvantagens e derrubar os homens que a manipularam - ou pelo menos, para roubá-los especificamente de seu poder sobre ela. 

Trailer:


FICHA TÉCNICA:

Gênero: Drama
Número de episódios: 6
Direção: Mary Harron
Roteiro: Sarah Polley
Elenco: Sarah Gadon, Edward Holcroft, Rebecca Liddiard, Zachary Levi, Paul Gross, Anna Paquin, Kerr Logan, Stephen Joffe, David Cronenberg, Sarah Manninen, Alice Snaden, Mag Ruffman, Claire Armstrong, Jonathan Goad, Samantha Weisntein, Kate Ross 
Produção: Sarah Polley, D. J. Carson
Fotografia: Brendan Steacy
Trilha sonora: Jeff Danna, Mychael Danna
Edição: David Wharnsby
Figurino: Simonetta Mariano
Design de produção: Arvinder Grewal
Direção de arte: Dean A. O'Dell, Brad Milburn
País: Canadá
Ano: 2017

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Mulheres na Direção | Tomboy (2011)

1/27/2019

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Por Marília Duarte


Filmes que retratam a infância ou fazem um recorte sobre essa fase da vida humana muitas vezes são extraordinariamente profundos e exaltam a importância que existe na perspectiva do olhar da própria criança sobre o mundo à sua volta e principalmente sobre quem ela é. Tomboy é um desses filmes, mas que traz um aspecto a mais: retrata de forma bastante sutil e interessante a identidade de gênero na infância.

Dirigido pela francesa Céline Sciamma, o filme conta a história de Laure, uma menina de 10 anos que se identifica mais como um garoto. Quando ela e sua família se mudam para um novo bairro, ela começa a se apresentar como Mikael para seus novos colegas de vizinhança.

​A forma como o roteiro e a direção lidam com questões de identidade de gênero são muito bem executadas, nunca estereotipando sua personagem uma vez que o foco da trama é desenvolver as descobertas de Mikael sobre sua personalidade e individualidade bem como a maneira como se enxerga para estar bem consigo mesma. Outro ponto muito relevante é a construção das relações afetivas entre a protagonista e os outros personagens. A relação entre Mikael e sua irmãzinha, Jeanne, é muito meiga e delicada e todas as cenas em que acontecem suas brincadeiras são de uma natureza encantadora.  O carinho que Jeanne demonstra por Mikael mostra de fato a cumplicidade que existe entre irmãos e ressalto aqui como crianças são muito mais aptas a entender a importância de valorizar a verdadeira identidade de cada um. Digo isso porque é muito bonita a forma como Jeanne compreende Mikael e sua escolha de ser como é, da maneira mais natural possível, como deveria ser na nossa sociedade. (E infelizmente vemos que há um preconceito enorme, principalmente em nosso país). As pessoas precisam entender a importância que existe no respeito pela identidade de cada um.

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De início, Mikael tem a facilidade de se enturmar com os garotos da vizinhança e com Lisa, a única garota do grupo, que parece ter uma paixãozinha por Mikael e o interessante é que a diretora não procura sexualizar essa relação entre as duas personagens, afinal, como eu disse antes, o foco do filme é justamente a descoberta de identidade. As cenas entre Mikael e Lisa são também muito delicadas e meigas e há uma específica, onde a amiga passa maquiagem no rosto de Mikael e diz: “Você seria uma menina linda”. De fato, Mikael tem seu rosto e traços bastante femininos, mas ela não se sente bem como uma garota e essa percepção interna é muito importante para aos poucos Mikael ir se afirmando como realmente é. Embora Mikael passe a se sentir à vontade com suas novas amizades, há um empecilho que começa a gerar um certo incômodo dentro de si: o seu próprio corpo. E mais uma vez precisamos dar o crédito à diretora pela forma como ela filma e retrata sutilmente os momentos em que sua protagonista passa a indagar em sua cabeça sobre sua própria anatomia.

A atriz Zoé Héran interpreta Mikael com uma maturidade tão deslumbrante que impressiona o espectador. A sua performance e sua compreensão para com o desenvolvimento  de sua personagem  foram essenciais para a construção de toda a obra. Fico muito feliz por ela ter levado um prêmio por esse filme (ela ganhou como Melhor Atriz no Buenos Aires International Festival of Independent Cinema). Sua sensação de conforto assim como seus questionamentos e como ela projeta através de suas ações a sua autoafirmação numa cena tão sutil e ao mesmo tempo tão grandiosa (uma das cenas finais do filme), faz com que Zoé Héran esteja na lista das melhores performances infanto-juvenis do cinema.

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A diretora Céline Sciamma também faz um trabalho magnífico com esse filme e tem uma sensibilidade em como filmar uma personagem com muitas camadas e todas as relações entre ela e seus coadjuvantes, tornando o filme leve e muito acessível até para aqueles que não são acostumados com o estilo de cinema independente da Europa. Além disso, a forma como ela traz à tona um tema contemporâneo e muito importante, que hoje em dia gera inúmeras discussões, faz com que esse filme se projete como uma obra essencial para o cinema LGBTQ+ e para todos, afinal, é uma obra super atual feita com muito coração e que reflete o quanto é importante o respeito à identidade e individualidade de cada um.

O retrato honesto e orgânico da infância também é outro aspecto que precisa ser reconhecido neste filme e Sciamma procura buscar elementos poéticos e também técnicos que pontuam a realização do longa dentro dessa temática. E todos esses elementos, desde uma fotografia sempre clara e ensolarada até planos abertos e outros mais intimistas, fazem de Tomboy uma obra que dialoga com a atmosfera em que seus personagens estão inseridos tornado a história verdadeira.  A habilidade que a diretora tratou de tal assunto é inspiradora assim como o mote principal sobre a autodescoberta de Mikael e todas essas qualidades transformam-no em um filme mais que especial.


Trailer:


FICHA TÉCNICA:
Gênero: Drama
Direção: Céline Sciamma
Roteiro: Céline Sciamma
Elenco: Zoé Héran, Malonn Lévana, Jeanne Disson, Sophie Cattani, Mathieu Demy, Rayan Boubekri, Yohan Vero, Noah Vero, Cheyenne Lainé, Christel Baras, Valérie Roucher
Produção: Bénédicte Couvreur
Fotografia: Crystel Fournier
Trilha sonora: Jean-Baptiste de Laubier, Jerôme Echenoz
Edição: Julien Lacheray
Design de produção: Thomas Grézaud, 
País: França
Ano: 2011

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Mulheres na Direção | Garota Sombria Caminha Pela Noite (2014)

1/27/2019

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Por Marília Duarte


Para abrir a coluna, escolhi um filme interessante e nada convencional para os padrões do cinema vampiresco que muitos estão acostumados a assistir. Garota Sombria Caminha Pela Noite é escrito e dirigido por Ana Lily Amirpour, cineasta britânica radicada no EUA e com ascendência iraniana e que faz filmes desde os 12 anos. Esse foi seu primeiro longa-metragem e já mostrou o suficiente para atesta-la como uma diretora promissora e que merece um olhar especial em seus futuros trabalhos. Lançado em 2014, Garota Sombria foi destaque no Festival de Sundance daquele ano e ganhou diversos prêmios em outros festivais mundo afora.

Caracterizado como um western de vampiro, o filme vai além, trazendo simbolismos influenciados por cineastas como Luis Buñuel e Jim Jarmusch (este dirigiu o ótimo Amantes Eternos, também com vampiros) além de pequenos toques do terror, mas sem o objetivo de te assustar. A história do filme é simples, porém são seus elementos estéticos que fornecem uma maior profundidade à mensagem e ao tipo de arte que a diretora propôs a mostrar em seus 100 minutos de tela. Na quase deserta e melancólica Bad City (uma cidade fictícia do Irã), acompanhamos Arash, um jovem que vive com seu pai viciado em drogas e trabalha como jardineiro e “faz-tudo” na casa de uma família rica. Após uma festa à fantasia, ele se perde na cidade e encontra uma misteriosa garota que vive sozinha e é aí que inicia uma espécie de romance entre eles.

​Sem ser clichê no desenvolvimento dessa relação entre os dois, o filme investe em outros aspectos que se tornam mais importantes na trama. O fato dela ser uma vampira (algo que Arash não desconfia de imediato) não serve para uma paixão proibida, mas sim para desenvolver a personagem como dona de si mesma e uma vigilante em Bad City, afinal, para saciar a sede, suas presas são geralmente traficantes e abusadores de mulheres. Ana Lily Amirpour sutilmente constrói um importante discurso feminista em forma de metáfora. No início do filme, já de cara conhecemos um traficante que trata mal prostitutas, o qual entendemos que antes dele ser uma presa da garota vampira, já vinha sendo observado pela mesma há algum tempo. O mesmo quase pode ser aplicado para um garotinho que sempre está à espreita para roubar os poucos habitantes daquela cidade quase fantasma.

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Por falar na cidade, ela é um poderoso personagem do filme. A diretora filmou tudo numa cidade californiana, mas deixando com cara de um Irã desolado.  A fotografia em preto e branco foi uma escolha especial para deixar aquele microcosmo mais desolado, porém belo. Muitas tomadas e enquadramentos do filme são enaltecidos justamente pela bela fotografia em p&b e trazem momentos bem contemplativos (alguns em excesso). Em grande parte do filme, uma usina da cidade é mostrada e seus ruídos recorrentes dia e noite são parte essencial para a estranheza do cenário que é Bad City.

Apesar de ter sido filmado nos EUA, o filme é todo falado em persa, algo que dá uma singela característica poética ao roteiro com poucos diálogos. A trilha sonora é outro fator que se destaca. Repleta de várias faixas com rock persa, há uma bela cena específica onde toca ‘Death’, música da banda britânica White Lies, que sua letra condiz com o momento retratado enquanto a música está rolando no próprio quarto da garota vampira. Yes, this fear’s got a hold on me…

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No elenco, são as atrizes que mais se destacam. Sheila Vand que interpreta a personagem título, possui um olhar que mescla entre o desamparo e a força, tornando-a uma vampira estranhamente interessante. Por falar em olhares, o gato de estimação que aparece em algumas cenas possui o olhar mais detalhista de todo o filme, ganhando um close-up tão belo e enigmático, que se fosse emoldurado daria um lindo quadro. A atriz Mozhan Marnò (que fez a jornalista Ayla Sayyad em House of Cards) interpreta a prostituta que ganha a proteção da vampira, e ela consegue demonstrar seus medos e suas frustrações assim como seus desejos internos de mudar de vida. Já Arash Marandi, que possui mais tempo em tela, não entregou uma performance tão interessante. Seu personagem, Arash, é mostrado no início do filme como um rapaz à la James Dean, usando jaqueta e topete no cabelo. Porém, faltou um pouco mais de profundidade em seu desenvolvimento, especialmente em sua relação com o pai.

​Garota Sombria Caminha Pela Noite
 não é um filme para todos, mas para quem está sempre com a mente aberta a fim de conhecer obras diferentes como essa, certamente é um filme para ser visto e apreciado.


​Trailer legendado:


FICHA TÉCNICA: 
Gênero: Drama, Fantasia, Terror
Direção: Ana Lily Amirpour
Roteiro: Ana Lily Amirpour
Elenco: Sheila Vand, Arash Marandi, Mozhan Marnò, Marshall Manesh, Dominic Rains, Rome Shandaloo, Milad Eghbali
Produção: Justin Begnaud, Sina Sayyah, Elijah Wood
Fotografia: Lyle Vincent
Direção de arte: Sam Kramer
Figurino: Natalie O’Brien
Título Original: A Girl Walks Home Alone Tonight
País: EUA
Ano: 2014

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