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Mulheres na Direção | Atlantique (2019)

2/14/2020

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Por Marília Duarte

O cinema tem sido, por muito tempo, um meio de refletir sobre a mortalidade da vida humana. E é no cinema independente que se encontram histórias diversas que utilizam abordagens menos convencionais para tratarem desse tema. Atlantique, o trabalho de estreia da diretora Mati Diop, traz uma narrativa singular sobre amor, perda e injustiças que se desenvolve como um romance e uma história de fantasma. Seu espírito romântico nunca desaparece e sua forma poética de contar uma história percorre durante seus 106 minutos de tela.
A paisagem carregada de poeira, de um bairro costeiro de Dakar no Senegal, abriga os desejos reprimidos de Ada, a protagonista interpretada por Mame Bineta Sane. Ela quer ser livre para amar quem quiser, mas sua família arranjou seu casamento com um homem rico. Ela prefere estar com o homem que deseja, mas a sociedade encontra maneiras de separá-los. Os desejos femininos são reprimidos em sua comunidade e Ada se vê perdida diante de sua situação, mas aos poucos ela vai se tornando mais resiliente e dona de sua própria história.

O conflito inicial do filme ocorre quando vários trabalhadores da comunidade, incluindo o amante de Ada, Souleiman (Ibrahima Traoré), de repente navegam para o mar com o objetivo de chegar à Espanha para ter uma vida melhor. Desde esse momento do “desaparecimento”, o filme é construído sob a perspectiva de Ada, exceto em pouquíssimos momentos em que outro personagem importante entra em cena.
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Toda ação no filme flui de Ada ou vai em sua direção. Sua resistência ao casamento lucrativo arranjado para ela fala muito sobre suas diferenças características com as amigas que a cercam. Ada está em outra sintonia, pois seus pensamentos estão preocupados com a partida injustificada de Souleiman. Além do enredo central de Ada, o filme também oferece um comentário velado, mas relevante, sobre a divisão de classes e a opressão incessante das camadas mais pobres pelos ricos.

​A noção de espíritos e seres de outro mundo é presente em diversas culturas. O filme baseia-se em tais crenças e superstições, a fim de descrever o conceito da transitoriedade e o que isso implica nas vidas daqueles que foram deixados pelos que partiram. Mas em Atlantique, o que é dificultado pelo físico é possível pelo intangível. E é aí que o filme se desenvolve como uma peculiar história de fantasma. Os toques sobrenaturais criados por Mati Diop são originais e interessantes e carregam comentários sociais. Mas o principal foco da utilização desse tom sobrenatural é a história de amor de Ada. 
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A poesia do roteiro é ecoada em visuais amplos e arejados que abraçam a beleza natural cintilante das paisagens, deixando o mistério fluir. O mar nunca está fora de foco, como um cobertor iluminado que envolve sentimentos e separa os sonhos da realidade. A trilha sonora composta por Fatima Al Qadiri também se destaca, complementando aquela atmosfera misteriosa. Mesmo quando há um som sereno, pode-se ouvir um tom espectral que sugere um algo a mais em determinadas cenas. A fotografia maravilhosa assinada por Claire Mathon possui em bela paleta de cores azulada, capturando as noções mais frias do amor enquanto filma a praia vazia frequentada por Ada, onde apenas luzes de neon agem como pequenas esperanças de que os jovens lançados ao mar retornem para lá. E tanto a trilha quanto a fotografia são fundamentais para complementar o roteiro e a direção, que buscam mostrar a história de uma mulher tentando recuperar sua autonomia. Da mesma forma, a atriz Mame Bineta Sane usa suas posturas corporais para mostrar a transição de Ada de tímida para resiliente. 

​Visualmente impressionante, misterioso e estranhamente alegre ao mesmo tempo, Atlantique é uma façanha única de contar histórias. Também é uma estreia maravilhosa na direção de Mati Diop, que ganhou o prêmio Grand Prix no Festival de Cannes do ano passado e é baseado no seu curta de 2009 chamado Atlantiques. É uma história sobre como as mulheres assumem o papel de luta em meio às desigualdades desenfreadas contada da perspectiva de uma mulher em um filme feito por uma mulher. 
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Amadou Mbow, Mame Bineta Sane, a diretora Mati Diop e Ibrahima Traoré no Festival de Cannes em 2019.

​Trailer legendado:
FICHA TÉCNICA:
Direção: Mati Diop
Roteiro: Mati Diop, Olivier Demangel
Elenco: Mame Bineta Sane, Amadou Mbow, Ibrahima Traoré, Nicole Sougou, Amina Kane, Coumba Dieng, Abdou Balde, Babacar Sylla, Arame Fall Faye, Ya Arame Mousse Sene, Babacar Samba, Astou N'Diaye, Khouda Fall
Produção: Judith Lou Lévy, Eve Robin
Montagem: Aël Dallier Vega
Fotografia: Claire Mathon
Trilha Sonora: Fatima Al Qadiri
Direção de arte: Laura Bücher, Yves Capelle
Figurino: Salimata Ndiaye, Rachel Raoult
Gênero: Drama, Suspense
Duração: 106 min.
País: Senegal, França, Bélgica
Ano: 2019

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