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Revisitando Filmes | Festim Diabólico (1948)

1/19/2019

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Por Marília Duarte

Entre as muitas grandes obras-primas que Alfred Hitchcock fez durante sua vida, Festim Diabólico é um dos filmes mais peculiares dele e o primeiro filme em Technicolor de sua carreira. Foi um filme totalmente experimental para Hitchcock e por isso é uma das obras mais originais da época. O filme é baseado em uma peça encenada pela primeira vez em 1929. E para filmar essa adaptação, Hitchcock decidiu fazer o longa simulando um plano-sequência. 

​Na verdade, Festim Diabólico foi rodado em uma série de longos planos-sequências inteligentemente reunidos para nos dar a sensação de estarmos assistindo um único plano. Como na época os rolos de filmes tinham duração máxima de cerca de 10 minutos, Hitchcock utilizou dessa fascinante artimanha para dar originalidade à sua obra. As transições são sutilmente feitas por cortes quando o elenco está fora de quadro ou quando a câmera se move por trás de alguém ou de algum objeto. O truque funciona surpreendentemente bem. Dentro das limitações, Hitchcock consegue mover sua câmera com uma fluidez surpreendente para aumentar a tensão.

A história começa com um assassinato praticado pelos universitários Brandon (John Dall) e Phillip (Farley Granger). Ambos matam o seu colega David (Dick Hogan) estrangulando-o com uma corda. Os dois possuem a crença derivada da noção filosófica de que há algumas pessoas detentoras de uma superioridade em que a moral não se aplica. Essas ideias eles conheceram através dos escritos de seu professor, um autor chamado Rupert Cadell (James Stewart). Após assassinar seu amigo, Brandon e Phillip decidem se divertir para provarem que é possível cometer um crime perfeito, convidando familiares e amigos de David para uma festa, onde a comida é servida em cima do baú que esconde o corpo do falecido. Um dos convidados é o professor Rupert, o único que possui a perspicácia de desconfiar do real motivo da festa.

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Ao contrário de muitos outros thrillers e noirs, o enredo de Festim Diabólico não se preocupa apenas com as revelações habituais do gênero que ao longo do filme serão desenvolvidas. Hitchcock está interessado em desenvolver dentro da psicologia a motivação e perversidade dos personagens. O filme faz um estudo da moral decadente do ser humano, cheia de justificativas filosóficas de Nietzsche e o roteiro de Arthur Laurents que aparenta ser bastante simples, desenvolve seus personagens de forma particularmente fascinante. Cenas brilhantes comprovam a singularidade do roteiro como a cena em que mostra Brandon presenteando o pai da vítima com uma penca de livros amarrados por uma corda, fazendo alusão ao estrangulamento cometido. Outra cena memorável é a cena onde todos os convidados da festa estão fora de quadro e empenhados em uma conversa depois do jantar, alheios ao fato de que lentamente, a empregada vai retirando os restos de comida, os castiçais e a toalha que cobria o baú que servia de mesa, criando uma tensão no espectador já que a qualquer momento ela poderia ter a curiosidade de abrir o baú.

Outro aspecto interessante é o artifício utilizado por Hitchcock para ilustrar a passagem de tempo. O filme se passa praticamente em apenas um cenário, a sala de estar do apartamento, que possui uma grande janela em vidro mostrando o horizonte da cidade, marcando assim a passagem do tempo do início ao fim da festa. E justamente por tudo acontecer dentro daquele único cenário, nós nos tornamos íntimos de tudo aquilo, como se fôssemos testemunhas ocultas acompanhando todos os passos daqueles personagens. A câmera de Hitchcock nos absorve naturalmente.

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Existe ainda a sugestão de que os dois estudantes assassinos são gays, algo ousado para a época do filme, mas que foi mostrado de forma sutil.  O longa (e a peça de 1929) é inspirado na verdadeira história do famoso assassinato ocorrido em Chicago em 1924, em que os amantes Nathan Leopold Jr. e Richard Loeb, ambos estudantes universitários, esfaquearam um garoto de quatorze anos de idade e jogaram ácido sobre o corpo dele, justificando o ato brutal de acordo com as teorias de Nietzsche de superioridade.
 
E as atuações de John Dall e Farley Granger estão formidáveis. Cada um exprime de formas diferentes suas personalidades perante o crime cometido por ambos. Enquanto o Brandon de Dall é o ser extremamente arrogante sem nenhum tipo de empatia e que se diverte com a preocupação dos seus convidados sobre o paradeiro da vítima, o Phillip de Granger é aquele que sempre está assustado e teme que o crime possa ser descoberto a qualquer momento. James Stewart aparece no primeiro de vários papéis da filmografia de Hitchcock. E aqui, quando entra em cena na pele do professor Rupert Cadell, ele rouba o momento para si, justificando o porquê dele ser um dos maiores atores do cinema. Para mim, ele foi um dos atores mais completos que existiu.

Festim Diabólico não é um dos filmes mais lembrados da carreira do grande Hitchcock, mas certamente deveria ser mais reconhecido. Ele continua sendo uma obra extremamente fascinante e envolvente. Suas qualidades técnicas somadas a suas críticas à idéias filosóficas questionáveis o tornam um filme essencial para os amantes da sétima arte.


Trailer do filme:


FICHA TÉCNICA:
Título original: Rope
Gênero: Thriller
Direção: Alfred Hitchcock
Roteiro: Arthur Laurents
Elenco: James Stewart, John Dall, Farley Granger, Joan Chandler, Dick Hogan, Edith Evanson, Cedric Hardwick, Constance Collier, Douglas Dick
Produção: Alfred Hitchcock, Sidney Bernstein
Trilha Sonora: David Buttolph
Fotografia: William V.Skall, Joseph A. Valentine
Direção de arte: Perry Ferguson
Duração: 80 min.
Ano: 1948
País: Estados Unidos

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