por Camila KaihatsuEntrevista com o escritor, formado em Letras e pós-graduado em Literatura e Ensino Natanael Otávio é autor do livro Reconstruções (2016) e Pedaços do Mundo Rasgado: Indagações – Alanis D. e o Esmerilhão (2017). Vencedor do Prêmio Nacional de Artes da Estância Turística de Tupã – VI Festival de Literatura (2017) e Jornal Literário Olaria das Letras (2016). Participou de diversas antologias. Ele também já fez parte da equipe de colunistas do CultEcléticos como resenhista literário. *Entrevista publicada pelo CultEcléticos originalmente em 2017Talvez essa seja a pergunta mais batida de todas, mas considero muito importante fazê-la a um escritor. O que lhe motivou a se tornar escritor? Quais autores lhe influenciaram? Quais os seus livros favoritos? R: Eu acredito que, além do dom e sensibilidade para criar e captar as coisas, exista algo que precede o momento em que decidimos nos tornar escritor. Mais cedo ou mais tarde conseguimos compreender isso. Para mim aconteceu em vários momentos diferentes. O gosto pela leitura ajudou muito, é claro! Sou filho temporão e quando tinha lá os meus 5 ou 6 anos, meus irmãos eram bem mais velhos que eu, e o interessante é que cada um deles colecionavam algum tipo literatura, então eu tinha ao meu dispor exemplares da famosa “Série Vaga-lume”, HQs de “A Espada Selvagem de Conan” e alguns títulos da “Série Bom Livro”, que trazia clássicos da literatura brasileira. Antes mesmo de apreender a ler eu ficava criando as minhas histórias partindo das capas e ilustrações desses quadrinhos e livros. Mas foi só em 2011, após ter uma ideia para uma saga de fantasia “Pedaços do mundo Rasgado”, é que decidi ser escritor. Antes disso tudo que eu escrevia, ficava guardado apenas para mim. Foi aí que comecei a participar de concursos literários e, desde então, tenho textos publicados em várias antologias e algumas obras lançadas em formatos físicos e/ou digitais. São vários os autores que me influenciaram, mas resumindo: Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Manoel de Barros, João Ubaldo Ribeiro, Umberto Eco, Arthur Conan Doyle, Renato Russo (com suas letras), João Guimarães Rosa, Edgar Allan Poe, , Adélia Prado, Lygia Fagundes Telles, Lúcia Machado de Almeida e George R. R. Martin. Os meus livros favoritos: “Diário do Farol”, de João Ubaldo Ribeiro, “Poesia Completa”, de Carlos Drummond de Andrade, “O Nome da Rosa”, Umberto Eco, “O Cão dos Baskervilles”, de Arthur Conan Doyle, “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell, “Primeiras Estórias”, de João Guimarães Rosa, “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, “O Abraço”, Lygia Bojunga, “A Fúria de Reis – As Crônicas de Gelo e Fogo”, de George R. R. Martin. Você publicou o livro “Reconstruções” no qual possui textos em poesia e prosa. Como surgiu a ideia para esse projeto ousado, uma vez que o leitor pode comparar ambas escritas suas? R: Eu estava selecionando entre meus textos material para dois livros: um de poesia e outro de contos, crônicas e relatos, organizando-os dentro de uma temática central, no caso a construção e reconstrução do ser diante de algo inesperado, que o coloca frente a uma situação nova e complicada, bem como alguns temas complementares: o fazer poético, a luz e a escuridão, o homem em sua caminhada. Com os arquivos prontos, eu encomendei as ilustrações com o artista plástico Alex Diziolli, que captou a proposta e então me mandou duas ilustrações idênticas, porém cores distintas. Pensei em usar uma para o livro de prosa e a outra para o livro de poesia, mas percebi que tão cedo não teria condições de publicar os dois livros, foi então que reduzi os arquivos e publiquei um livro misto, mantendo assim a proposta da temática, porém com gêneros distintos. Eu imaginei que haveria sim algumas comparações por parte dos leitores. Tem aqueles que preferem contos e aqueles que preferem poesias. Tem os que já conheciam as minhas poesias dos saraus que participo e teve a oportunidade de conhecer também a minha prosa. É importante frisar que eu tinha a convicção de que esse tipo de publicação funcionaria para esse projeto, sobretudo por ser independente e já ter um público direcionado. Foi uma surpresa quando percebi que “Reconstruções” havia atingido também leitores que eu não esperava e hoje o livro já está na sua terceira reimpressão. Você participa de um grupo que organiza saraus. Poderia nos falar um pouco sobre isso? R: Com muito prazer! É o Grupo Semeando Poesias, que foi criado pelo poeta Luiz Lima e conta também com a participação de Daiane Cristina, Magali Tanaka e o músico Ivanio Pizza. Começamos com um grupo de estudo de poesia e, por conseguinte, formamos o grupo de sarau e o projeto Sarau Entre Amigos, que desde 2014 teve diversas apresentações com temas como Palavras Sentimentos, Porções de Amor e Bons Ventos. O projeto consiste em unirmos textos autorais, textos de poetas consagrados nacionais e internacionais e também textos de poetas menos conhecido do grande público, juntamente com as músicas que se encaixam dentro dos temas. Possui e-book publicado na Amazon. Poderia dizer o que achou de publicar nesta plataforma e sobre este e-book? R: Em 2016 eu publiquei “Pedaços do Mundo Rasgado: Alanis D. e o Esmerilhão”, mas já tinha outros contos publicados nessa plataforma: “O tesouro de John Símile” e “As cavernas dos suricatos”. Sobre o último trabalho: trata-se de uma obra de fantasia que pretendo publicar aos poucos, pois são histórias que se passam dentro do mesmo universo e que mais tarde se cruzam. Eu considero importante utilizar dos mais variados recursos e ferramentas para que as histórias que escrevo chegue até o leitor. Nessa linha, considero o kindle uma ótima opção, pelo preço acessível do e-book e o baixo custo de investimento pelo autor. Mas sei que a maioria dos leitores ainda prefere o livro de papel. Por isso, “Alanis D. e o Esmerilhão” também está no Clube de Autores em formato pocket e, se assim desejar, o leitor também pode adquirir o seu exemplar comigo. Você é membro do projeto literário Sociedade dos Corvos. Como foi participar deste projeto? R: Primeiramente eu agradeço pelo convite que você (como criadora do projeto) me fez em 2015 para participar da Sociedade dos Corvos, isso pelo gosto em comum pela obra de Edgar Allan Poe. Participar desse grupo, bem como da antologia ‘A Sociedade dos Corvos’ é uma grande satisfação. O livro ficou lindo esteticamente e com muita qualidade literária. Assim pude conhecer talentos e promessas da nossa literatura e tivemos a honra de contar com o prefácio e um conto do grande R. F. Lucchetti. Vale lembrar que no início seria apenas um e-book para divulgarmos o nosso trabalho, mas a Editora Coerência aderiu ao projeto e o transformou nesse livro que é um orgulho para todos nós. Na obra, apresento de primeira mão, o personagem Dalton Lobo, no conto O Caso da Professora Rose, que será protagonista do livro policial que pretendo publicar em 2018. O seu conto “Siga o Caminho da Luz...” que está na antologia “A Sociedade dos Corvos” é muito bom! Como é escrever sobre o horror para você? R: Antes de me enveredar pelo horror, eu produzi algumas histórias de fantasia e suspense, em algumas dessas histórias o horror esteve presente como no conto Floresta Mórbida (do livro Reconstruções, 2016). Mas a primeira história genuinamente de horror que escrevi foi mesmo o “Siga o caminho da luz...” Isso aconteceu porque propus um desafio a mim mesmo, uma vez que estava participando de um livro que tem o Edgar Allan Poe como inspiração, eu precisava de um conto assim. Os outros dois textos que escrevi para a antologia um é um conto policial e o outro é de fantasia e mistério, O Caso da Professora Rose e Os Mistérios dos Portais Dourados, respectivamente. “Siga o caminho da luz...” me surpreendeu, pois nem eu mesmo tinha noção de onde eu iria chegar com este conto. Quais são seus projetos futuros. Poderia nos falar sobre eles? R: Agora, eu devo me ocupar um pouco da divulgação de “Alanis D. e o Esmerilhão” e das antologias que participei recentemente (“A Sociedade dos Corvos e Tabu”). Pretendo terminar de escrever um livro de poesias. E aguardo a melhor oportunidade para lançar meu livro policial, talvez em 2018, após o término da minha pós-graduação em Literatura e Ensino. Se pudesse indicar apenas um livro para as pessoas lerem, qual seria? E por quê? R: É difícil indicar apenas um livro, pois, dependendo da pessoa que pede a dica, eu opto por este ou aquele título. Mas tem um que sempre que o indiquei as pessoas leram e gostaram, falo de “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell. Os leitores se identificam muito com a obra, pois tudo que acontece com os bichos ali na granja, espaço onde a fábula se desenvolve, é o que acontece com os humanos no mundo real. Temos a construção e a desconstrução de sonhos, através de um enredo e personagens bem construídos. A obra nos faz pensar sobre quem somos e o que pretendemos ser. É um ótimo livro! Fica a dica! Pedaços do Mundo Rasgado: Indagações - Alanis D. E O Esmerilhão está disponível na Amazon, para adquirir clique aqui. O livro Reconstruções pode ser adquirido diretamente com o autor através de sua Fanpage no Facebook, para acessá-la clique aqui. Sinopse: Reconstruções é uma coletânea de contos e poesias escritos ao longo de 15 anos que, apesar do distanciamento de tempo e da diferença de gêneros, se aproximam pela temática ao apresentarem com sensibilidade os percalços dos relacionamentos humanos e a autodescoberta que eles envolvem.
0 Comments
Leave a Reply. |
Archives
April 2020
Categories |