por Camila KaihatsuEntrevista com Fernanda Chazan A paulistana Fernanda Chazan é autora dos livros 'Histórias de Terror para Crianças', 'Na Cidade da Fúria', 'As Aventuras de Daniel' e 'Melissa e o Ogro Vegetariano'. A autora possui grande influência hispano-americana. O que lhe motivou a se tornar escritora? Quais autores lhe influenciaram? Quais os seus livros favoritos? R: Não acho que haja tido alguma motivação específica. Simplesmente, nasci escritora. A arte, na minha opinião, é algo que nasce nas veias do artista. Não dá para desviar do caminho. E quando se tenta, é infelicidade na certa! Quanto aos autores que me influenciaram, tenho uma lista gigante para citar. Vivo em eterna influência. Acredito que cada leitura que me agrada acaba se tornando uma gotinha de influência no resultado da minha escrita -- evidentemente, sem perder meu estilo de sempre, inerente a mim. Gosto muito da literatura latino-americana. As irmãs Victoria e Silvina Ocampo, Júlio Cortazar, Isabel Allende e Eduardo Galeano estão entre meus preferidos. Também sou fã da escrita da Virgínia Woolf, do Neil Gaiman e do Stephen King. Quanto a conceitos que aplico na minha escrita, não posso deixar de citar Simone de Beauvoir e Clarissa Pinkola Estés. Ultimamente, tenho lido alguns livros de uma escritora argentina chamada Samata Schweblin que são excelentes também. No que diz respeito aos infantojuvenis, amo a boa e velha Coleção Vagalume. E a lista continua... E por último: meus livros favoritos são Mulheres Que Correm Com Os Lobos e Poliana. Em seu livro “Na Cidade da Fúria”, publicado em 2015 pela editora Chiado, a história é ambientada em Buenos Aires. As descrições são tão ricas e detalhadas que permitem ao leitor se imaginar em cada lugar descrito ao longos das 268 páginas. Como surgiu seu amor pela cultura argentina? E como foi o processo de criação desse livro? R: Amo a cultura argentina em todos os seus aspectos, sempre foi assim. Vim a Buenos Aires pela primeira vez aos 13 anos e soube que queria morar aqui. Entre idas e vindas, vivo em terras hermanas há quase 7 anos. Admiro muito a literatura, a música, o cinema, o teatro, as artes plásticas, a história e o povo argentino. Dessa admiração nasceu a necessidade de escrever um livro que fosse ambientado em Buenos Aires. Sentia que precisava expor a cultura argentina aos olhos dos jovens adultos brasileiros -- que tanto consomem literatura ambientada na Europa e nos EUA e tão pouco conhecem daquilo que está aqui, ao lado. Escrevi o livro no meu então apartamento no bairro de Caballito, tomando mates e comendo empanadas. Foi um processo de escrita delicioso! Ainda sobre o livro “Na Cidade da Fúria”, você possui planos de revisitar os personagens de Rachel e Nahuel em outro livro? R: Tenho vontade, sim. No entanto, estou com outros planos por agora, então o retorno de Rachel e Nahuel à cidade da fúria terá que esperar um pouquinho. Você também organizou a antologia “Além do Arco-Íris”. Conte para nossos leitores sobre como foi essa experiência. R: Organizar "Além do Arco-íris" foi uma experiência maravilhosa! Desde o começo, a Rouxinol me deu o suporte e a atenção que precisava. O trabalho foi feito com muito carinho e dedicação. Contei com a participação de escritores amigos, tais como Carolina Mancini e Rafael Sales, e também pude conhecer a escrita de novos autores -- o que trouxe grande diversidade à antologia. São contos muito especiais e escolhidos minuciosamente para que cada leitor e leitora possa divertir-se, emocionar-se e desconstruir-se linha após linha. Esse ano, você lançará o livro “Melissa e o Ogro Vegetariano”, pela editora Rouxinol, mas antes você já havia publicado os infantis “Histórias de Terror para as Crianças” e “As Aventuras de Daniel”. Quais são os desafios de escrever para o público infantil? R: Escrever para as crianças é a coisa mais gostosa do mundo! Me divirto tanto que nem sei mais se escrevo para elas ou para mim. É um desafio, sim, porque devemos tomar um cuidado maior com aquilo que propagamos. Tento estudar sobre cada tema que irei escrever e por diversas vezes, consulto profissionais que possam me guiar no caminho mais adequado -- tais como psicólogos, pedagogos e, no caso de "Melissa e o Ogro Vegetariano", também nutricionistas. Gosto de passar à nova geração os conceitos nos quais acredito. Afinal, disso se trata a literatura, não? Expressar o que se pensa e o que se sente através de uma história fictícia. Com o máximo de responsabilidade possível, é claro. Foi divulgado que “Melissa e o Ogro Vegetariano” é uma leitura educativa, um livro para a criança ler, desenhar, pintar e desconstruir. De que formas você acha que a literatura pode contribuir para os processos de empoderamento e desconstrução? R: Acho que a literatura é imprescindível no desenvolvimento de cada criança. Ler faz com que as crianças possam pensar, refletir e construir suas próprias ideias. É o começo da autonomia intelectual que todo ser humano deve ter. E nada melhor do que a arte para ajudar a nascer essa autonomia. Fale um pouco mais sobre “Melissa e o Ogro Vegetariano”. R: "Melissa e o Ogro Vegetariano" é um livro no qual tento reunir três dos conceitos nos quais acredito piamente: a importância da alimentação consciente, o incentivo à coragem há em cada menina e a necessidade de desconstruir estereótipos. Melissa tem medo de ogros, mas quando se vê perdida no meio da estrada em uma noite escura, um ogro é quem a ajuda. Quando o encontra, a menina -- baseada nos estereótipos que lhe foram ensinados -- fica apavorada, pensando que será o jantar da enorme criatura. No entanto, acaba descobrindo que os ogros são vegetarianos, além de atenciosos, sonhadores e dispostos a ajudar. Para que possa desconstruir esse preconceito em relação ao ogro, contudo, Melissa precisa primeiro enfrentar seus medos, respirar fundo e estar tranquila. Porque ela sabe que o nervosismo e a histeria não lhe ajudarão em nada. Nem naquele momento, nem nunca. Se pudesse indicar apenas um livro para as pessoas lerem, qual seria? E por quê? R: "Mulheres Que Correm Com Os Lobos -- Mitos e Histórias do Arquétipo da Mulher Selvagem", da psicanalista Clarissa Pinkola Estés. Sem pensar duas vezes! Sinopse: Melissa tem oito anos, medo de ogros e muita vontade de viajar. Seus pais decidem levá-la para passar um fim de semana em uma chácara com toda a família. O problema é que coisas estranhas acontecem no caminho e Melissa termina sozinha no meio da estrada. Para piorar a situação, um ogro faminto encontra a menina perdida e a leva à sua misteriosa caverna... Ainda bem que ele é vegetariano! Para mais informações sobre o lançamento clique aqui. Redes Sociais da Autora Fanpage: www.fb.com/holasoyfernandachazan Instagram: @fernanda.chazan E-mail: escritorafernandachazan@gmail.com
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