Por Marília DuarteParece que foi ontem que Harry Potter e as Relíquias da Morte –Parte 2 estava estreando nos cinemas e assim como milhões de fãs pelo mundo, eu também estava emocionada com o fim de uma saga tão especial para uma geração que cresceu lendo e assistindo a jornada de personagens tão maravilhosos criados pela excepcional J.K.Rowling (ou tia Jo, como nós fãs, a chamamos carinhosamente). E eis que 5 anos depois, lá estou eu novamente numa sala de cinema conferindo uma nova história advinda desse mundo mágico e me sentindo a mesma criança que desde 2001 (ano de lançamento de Pedra Filosofal), se enche de encantamento e fica com os olhos brilhando acompanhando cada momento projetado na telona. Ambientando setenta anos antes dos grandes acontecimentos de Harry Potter, Animais Fantásticos e Onde Habitam segue Newt Scamander (interpretado por Eddie Redmayne), um magizoologista (uma espécie de biólogo do mundo bruxo), ex-aluno de Hogwarts e que possui uma mala cheia de criaturas mágicas catalogadas por ele em suas viagens pelo mundo. Ao chegar a Nova York, Newt encontra alguns novos rostos amigáveis e acaba se envolvendo na descoberta de uma força mágica perversa que aflige a cidade. Bem, não darei mais detalhes da trama para não contar spoilers que possam estragar a experiência de quem ainda irá assistir ao filme. E não é apenas Newt que possui uma história interessante, todos os outros personagens também são protagonistas de seus próprios arcos e dilemas. Jacob Kowalski (Dan Fogler), um não-maj (o equivalente a trouxa nos EUA; a pessoa que não é bruxo) que logo se torna amigo de Newt, é um personagem que protagoniza a grande maioria das cenas de alívio cômico, contudo, ele é muito mais que isso, carregando um drama pessoal que nos cativa imediatamente, além de nos emocionar numa específica cena durante uma chuva ao final do filme. As irmãs Goldstein, Tina e Queenie (interpretadas por Katherine Waterston e Alison Sudol), completam o quarteto principal e também são duas grandes heroínas para o desenvolvimento do filme. Tina, uma ex-auror da MACUSA (o Ministério da Magia norte-americano), é repleta de coragem, mas também assim como todos nós, possui conflitos que trazem uma identificação aos expectadores. Queenie, uma alegre legilimens (que tem o dom de ler mentes), é uma personagem carregada de empatia e é impossível não amá-la também. Além deste núcleo, outros personagens ganham destaque como Seraphina Picquery (Carmem Ejogo), presidente da MACUSA, Percival Graves (Colin Farrel), o auror da MACUSA que mais se destaca na trama e Creedence Barebone (Ezra Miller), um garoto reprimido que sofre abusos violentos da sua mãe adotiva, Mary Lou Barebone (Samantha Morton). O único núcleo de personagens que não chega a ser aprofundado é a família de Henry Shaw (Jon Voight), o dono de um influente jornal da cidade e cujo filho mais velho é um candidato a senador. Ambos preferem não dar atenção aos mistérios que estão acontecendo na cidade, um fato que apenas o filho mais novo parece estar preocupado.Um aspecto que fez destaque na franquia Harry Potter foi o desempenho impressionante de seu núcleo jovem ao longo dos anos e de praticamente todo o elenco de atores veteranos. Animais Fantásticos felizmente oferece um grupo igualmente forte de atores. Eddie Redmayne parece ter nascido para desempenhar o papel de Newt, tendo um charme estranho que faz com que o personagem ganhe vida, sem contar a maravilhosa emoção que ele passa nas cenas ao lado de seus animais, em que seus olhos brilham de amor por todas as criaturas. Roubando muitas cenas ao lado dele, está o já citado Dan Fogler na pele do Jacob. A dupla tem uma grande química juntos, sendo um dos grandes destaques de todo o elenco. O diretor David Yates, que dirigiu os últimos quatro filmes na série Potter, traz a sua mão segura na direção, capturando cada grandiosa ação bem como cada momento delicado do filme. Os avanços em CGI é outro ponto de destaque nos aspectos técnicos, trazendo efeitos visuais impressionantes de encher nossos olhos, desde os belíssimos animais (que parecem tão perfeitos e reais) à cenários lindos como aquele que vemos dentro da mala do Newt. (Quem aí também queria um Pelúcio e um Picket?!). E o que dizer do excelente trabalho de ambientação para época em que o filme se passa? A figurinista Colleen Atwood (que já ganhou Oscar por Chicago e Memórias de uma Gueixa), trouxe figurinos muito bem detalhados e trabalhados para o ano de 1926, priorizando cores frias e acinzentadas, dando verossimilhança ao clima sombrio que o filme possui em muitos momentos bem como a uma sempre nublada Nova York. Além disso, o trabalho de design de produção de Stuart Craig (que trabalhou em todos os filmes de Harry Potter) e de James Hambidge capturam de forma eficaz os prédios e ambientes do fim dos anos 1920. Para fechar os aspectos técnicos, não poderia deixar de mencionar a trilha sonora composta por James Newton Howard, que mesmo ao usar elementos da clássica trilha de John Williams, conseguiu criar uma personalidade própria ao filme. Assim como Hedwig’s Theme nos emocionou durante 10 anos (e ainda emociona), aqui em Animais Fantásticos conseguimos nos emocionar com composições como A Close Friend e Newt Says Goodbye to Tina.Animais Fantásticos e Onde Habitam é felizmente um retorno bem-vindo ao mundo mágico, sendo divertido novamente e nos emocionando com a jornada de novos personagens carismáticos. O filme com certeza é um deleite para todo fã do universo de J.K.Rowling, mas também agrada aqueles que talvez não acompanharam a jornada de Harry Potter. E o maior sentimento que podemos ter ao sair da sala de cinema é a felicidade. Felicidade por assistir um grande filme com conteúdo e construído com muito carinho e apreço. E para nós fãs potterheads de coração, as várias referências nos deixam com um largo sorriso no rosto e é claro com uma mente pilhando de teorias que podem surgir nos próximos filmes, principalmente devido a uma grande revelação mostrada ao final do filme. E que venham os próximos filmes desse novo e tão fantástico retorno ao mundo bruxo que amamos. |
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March 2022
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